quinta-feira, 3 de setembro de 2009

HOMENS DE GELO DERRETEM EM ATO CONTRA AQUECIMENTO GLOBAL

ONG WWF diz que 25% da população sofrerá com degelo das calotas polares

Berlim, Alemanha. Cerca de mil esculturas de gelo feitas pela artista brasileira Nele Azevedo ficaram expostas, ontem, nas escadarias do Concert Hall, em Berlim, na Alemanha. A artista alerta para as graves consequências que o efeito estufa está causando ao planeta Terra.

A manifestação, patrocinada pela ONG Fundo Mundial para a Natureza, a WWF, visa a chamar a atenção do mundo para o derretimento das calotas polares em razão do aquecimento global. Com o ato, a artista quis mostrar que "se algo não for feito estaremos fadados à fúria da natureza".

Os homens em miniatura foram expostos sob o sol, as esculturas derreteram em meia hora simbolizando o efeito que pode causar ao homem.

Documento. De acordo com um estudo publicado ontem pela WWF, quase 25% da população mundial está ameaçada pelas inundações em consequência do degelo do Ártico. O estudo foi publicado à margem da conferência sobre o clima que acontece em Genebra até 4 de setembro. Segundo a ONG, o nível dos mares pode subir mais de um metro até 2100 com o impacto do aquecimento global sobre as calotas polares. A projeção, aproximadamente duas vezes maior do que o número da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros órgãos, leva em conta o impacto do desaparecimento das calotas da Groenlândia e da Antártida ocidental.

A subida acentuada do nível dos mares também pode inundar regiões costeiras em todo o mundo. "Se permitirmos que o Ártico fique muito quente, há dúvidas sobre se seremos capazes de manter esse controle", disse Martin Sommerkorn, do programa para o Ártico do WWF, em comunicado. "É urgentemente necessário que controlemos as emissões de gases do efeito estufa, enquanto ainda podemos."

A grande perda de gelo marinho resultante do aquecimento duas vezes mais rápido do Ártico em relação ao resto do mundo vai afetar as condições climáticas muito além dos polos, de acordo com a WWF. Europa e América do Norte podem, por exemplo, passar por invernos atipicamente frios, ao passo que a Groenlândia pode ter invernos mais quentes com a mudança de umidade e a subida do nível dos mares. Além disso, o aquecimento do Ártico pode se tornar em si um motor para o aquecimento global.

"Atualmente, o Ártico aquece duas vezes mais rápido do que a Terra, o que constitui uma ameaça a todo o planeta", disse o chefe de política climática da WWF Suíça, Patrick Hofstetter, citado no comunicado. À medida que a extensão do gelo diminui e que a superfície dos oceanos aumenta, a quantidade de energia solar absorvida também aumenta. "Isso faz com que as temperaturas subam mais ainda", afirma o estudo.

Números1metro ou mais pode subir o nível do mar até 2100, segundo estudo da WWF 40% das emissões de CO2 devem ser reduzidos pelos países industrializados até 2020 para evitar o degelo BrasilAntártida. Em meados de agosto, o governo brasileiro aprovou uma verba de financiamento para pesquisas científicas na Antártida da ordem de US$ 7,5 milhões, a maior quantia já destinada para a atividade e mais da metade do que o Brasil já aplicou em ciência desde que criou o Programa Antártico Brasileiro, em 1982.Objetivo. Para o Ministério da Ciência e Tecnologia, que liberou os recursos, o objetivo do financiamento é ampliar o conhecimento sobre os fenômenos ambientais na Antártida e suas influências globais, estimulando a cooperação científica com outros países sul-americanos que tenham programas antárticos.


ANTES... (ARTE EFÊMERA - 290 "HOMENS DE GELO" DERRETEM NA SÉ)
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando os sinos da catedral da Sé anunciaram o meio-dia de ontem, a artista plástica Nele Azevedo, 53, começou a dispor 290 pequenas esculturas na escadaria lateral da praça que marca o centro da cidade de São Paulo.

Pequenos homens e mulheres cabisbaixos, como se estivessem sentados nos degraus. Esculturas representativas comuns, se não fosse pelo material com que foram concebidas: gelo.
Aos olhos da platéia que se reunia em torno das esculturas, pés, ombros e cabeça de cada peça começaram a pingar, consumidos pelo Sol do segundo dia mais quente do outono (31,5 ºC) e da pedra dos degraus da Sé.

"Nesse calorão, dá vontade de roubar uma escultura e chupar", brincou o metalúrgico Izaias José, 22. "Essa performance serve para duas coisas: para filosofar sobre a vida e para tomar uísque", comentou um estudante. Na medida em que derretiam, os homenzinhos de gelo ganhavam expressão. Inclinavam-se sobre si mesmos, recostavam-se uns nos outros, perdiam membros, caíam, quebravam e desapareciam numa poça de água. "Derretidos, eles formam um cenário de desolação. É triste vê-los assim, sumindo. Mas lembra a gente de que nada é eterno", ensaiou o preparador físico Wagner Carvalho, 40. Em pouco mais de 25 minutos, sob os aplausos de quem assistiu ao processo de liquefação da arte de Nele Azevedo, a pequena multidão de gelo desaparecera. Segundo a artista, a performance “Monumento Mínimo”, promovida pelo Sesc Carmo, contrapõe os monumentos tradicionais, feitos para durar. “Assim como todos nós somos duração no tempo, criei monumentos para serem esquecidos”.

Antonio Gaudério/Folha Imagem
Estatuetas de gelo da performance "Monumento Mínimo" derretem nas escadarias da catedral da Sé, no centro de São Paulo. Folha de S.Paulo - Arte efêmera: 290 "homens de gelo" derretem na Sé - 08/04/2005 Página 1 de 2

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0804200507.htm%208/4/2005

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