segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MONA LISA GANHA VIDA EM EXPOSIÇÃO DE ARTE HIGH-TECH 3D

Com seu sorriso enigmático, a Mona Lisa de Leonardo da Vinci inspira admiração e especulação há séculos. Agora ela está preparada para responder às perguntas dos curiosos - em mandarim. Uma versão digital e interativa da renomada tela do século 16 é uma das 61 réplicas high-tech que infundem vida a obras de arte da antiguidade e da era clássica na "Exposição Mundial de Arte Clássica Interativa," aberta em Pequim na semana passada.

São recriações de obras de grandes mestres da pintura e pintores modernos renomados, criadas por uma galeria de arte sul-coreana. O organizador da mostra, Wang Hui, comentou que foi preciso dois anos de preparativos, além de um investimento de vulto, para levar as obras à China.

"O que é especial nesse trabalho é que é a primeira vez em que tecnologia 3D, tecnologia holográfica e tecnologia de reconhecimento de voz são mescladas em uma só exposição," disse Wang.

Como a pintura original de Da Vinci, no Museu do Louvre, em Paris, a Mona Lisa digital é a atração principal da mostra na China. Ela acena para os visitantes e conversa com eles, que lhe fazem perguntas sobre sua idade e sua vida. "Alô, sou a Mona Lisa. É um prazer conhecê-lo," diz ela em mandarim.

A Última Ceia é outra tela de Da Vinci que ganha vida digital. Nela, Jesus conversa com os apóstolos e se move pela tela de plasma.

A exposição também inclui uma peça multimídia com réplicas em tamanho natural de estátuas antigas de deuses e deusas gregos e romanos, que se gabam de suas virtudes e beleza e fazem poses.

"Estudei belas-artes na faculdade. Nos estúdios, as obras estão paradas, mas aqui elas estão vivas e se movem. É surpreendente e vívido," comentou um visitante, Zhao Yuanzhi.

Ao mesmo tempo em que procura mostrar a arte sob uma luz nova, a exposição tenta responder a uma das perguntas mais perenes do mundo: o que há por trás do sorriso da Mona Lisa.

Quando a pergunta lhe é feita, o retrato digital é programado a falar sobre como Mona Lisa engravidou após a morte de um filho, tecendo comentários sobre as dores e as alegrias de sua vida. Ela também reconhece que muitas pessoas acham seu sorriso misterioso.


VÍDEO IMPERDÍVEL!

domingo, 30 de agosto de 2009

COLEGA DE FACULDADE E ARTISTA COMPLETO


Daniel Toledo e o Homem Espelho
05Nov08
por Daniel Toledo

Coincidências à parte, o artista carioca Daniel Toledo apresentou pela primeira vez a performance “O homem espelho” em 2004. Em algumas palavras, trata-se de um homem “invisível” que passeia pela cidade vestindo uma roupa e um escafandro completamente cobertos por cacos de espelho. Incorporando algo dos parangolés de Oiticica, o artista supera a idéia de escultura e define a obra como um objeto a ser ativado. Nesse sentido, acrescenta que a obra só existe enquanto as pessoas se relacionam com ela – seja como espectadores ou como reflexos nos cacos.

É impossível apreender qualquer característica própria ao homem espelho, qualquer faceta do seu “mundo interno”. Quem procura algo nele só encontra a si mesmo e aos cacos de outros; não há nada que seja próprio do homem espelho, se não a sua habilidade de chamar atenção para as pessoas que não se encontram e os olhares que, na cidade, não se cruzam. Com sua armadura feita de espelhos, o artista já levou a performance às ruas de Caracas, na Venezuela, e de Paris, na França.

Nascido em 1981, formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage e integrante do coletivo Opavivará, o artista desenvolve ainda trabalhos relacionados a fotografia, ilustração e intervenções urbanas, usando diversos suportes e materiais. Monumentos esteticamente interditados, transfigurações em fotos de família e um homem coisa não-identificado, aparentemente feito de estopa. Observa-se um claro desejo de aproximar a arte da vida cotidiana, num processo que Fernando Cocchiarale, professor, crítico de arte e freqüente comentador da obra de Daniel Toledo, caracteriza como um “transbordamento, e não uma ruptura, em relação à geração dos anos 60″.

sábado, 29 de agosto de 2009

GRANDE TRABALHO E NENHUM RECONHECIMENTO DA FEIRA

A bandeira da Feira com a arte da EBA
Raquel Gonzalez

O Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão, ganhou um novo símbolo para comemorar seus 63 anos de história: uma bandeira. O vencedor do concurso promovido para elegê-la foi Luís Henrique Pereira de Almeida, licenciado pela Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ e freqüentador da Feira. “Entrar para a história artística cultural do Rio é muito significativo para mim”, declara Luis acerca da vitória.
Luís Henrique admira a cultura nordestina e freqüenta a Feira de São Cristóvão há tempos. Formado em Desenho e estudando Artes Plásticas na EBA, dá aulas também de Desenho Geométrico e Artes a estudantes dos ensinos Fundamental e Médio. Segundo ele, poder diminuir a distância existente entre a arte que leciona e a que é produzida foi outro grande prêmio. “É difícil mostrar aos meus alunos a arte que está sendo exposta em Nova York ou mesmo no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Mesmo que eu os leve, é um mundo ainda muito distante. Agora é como se a arte se materializasse para eles. Estou muito feliz por isso também”.
Apesar de visitar freqüentemente a Feira, Luís soube do concurso através de uma propaganda veiculada na mídia e decidiu participar por sua afinidade com a cultura do Nordeste. Com o lema Centro Luiz Gonzaga de tradições nordestinas, o nordeste é aqui, construiu seu projeto pensando em retratar o conjunto de tradições nordestinas dentro do Estado do Rio de Janeiro — o que a feira, na verdade, representa. Luis explica que, em suas primeiras tentativas, utilizou elementos artesanais, musicais e alimentícios nordestinos para simbolizar a região. A imagem, entretanto, ficou poluída visualmente. Ele, então, resolveu utilizar as bandeiras referentes aos estados do Nordeste já que a bandeira remete ao conjunto de um lugar: tradições, paisagens, cultura. Luís Henrique afirma que não esperava vencer e compareceu à premiação apenas por espírito esportivo. A vitória chegou com muita surpresa e emoção e significou, para ele, a marca de seu nome na história. “Quando recebi o resultado, fiquei muito emocionado. E pensei: agora estou na história! Eu lutei por isso, mas não imaginava que viria tão cedo”.
O prêmio recebido foi uma placa com seu nome na entrada da feira e, de acordo com Luís, se a premiação fosse em dinheiro, apenas, não participaria do concurso. Ele fez uma declaração recente à imprensa afirmando que receber esse prêmio foi melhor que ganhar na loteria e ratifica: “acredito fielmente nisso. Acho que, para as pessoas que trabalham com arte, o dinheiro não é mais importante que reconhecimento. O prêmio, para mim, é muito grande. Daqui a cem anos não estarei mais aqui, mas estará lá a bandeira e a placa com meu nome”, afirma.
— O fato de um estudante, já com uma titulação, apresentar seu trabalho na Feira de São Cristóvão, centro de tradição popular e cultural de nossos irmãos nordestinos, é de grande mérito para a EBA e a para a UFRJ. Luís Henrique apresentou sua obra para ser avaliada por um júri popular, ou seja, ele teve plena consciência que o projeto que realizara para a Feira de São Cristóvão ganhava legitimidade ao ser julgado pelo próprio povo que freqüenta o local. Como conseqüência, ele confirma que a arte não é uma escolha das elites, mas um caso da alma, da sensibilidade e capacidade de juízo crítico, independente da erudição e da estatura cultural de cada grupo — declara Ângela Âncora Luz, diretora da Escola de Belas Artes, acerca da articulação da EBA com uma produção de cultura popular.
Luís Henrique afirma, por fim, que ficou muito feliz com a repercussão que sua vitória teve na EBA e que ser reconhecido no local onde estudou é um segundo prêmio para ele.
VEJA A REPORTAGEM NA ÍNTEGRA: